RS resolve 82% dos casos mas falta 43% do efetivo necessário na Polícia Civil
“Um resultado obtido às custas dos policiais”. Esta é a definição do presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul, Guilherme Wondracek, sobre o desempenho do Estado na Pesquisa de Resolutividade dos Inquéritos Policiais na Polícia Civil dos Estados e do Distrito Federal, com números consolidados do ano de 2024. O estudo realizado pela Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (ADEPOL) coloca o RS como 9º colocado no ranking nacional, com 82,04% dos casos elucidados – quase 10 pontos percentuais a mais que a média nacional, de 72,71%.
A polícia gaúcha obteve larga vantagem sobre os órgãos da Região Sul, abrindo pouco mais de 30 pontos percentuais sobre Santa Catarina – que elucidou apenas 52% dos seus inquéritos – e quase 20 pontos percentuais sobre o Paraná – que resolveu 64% dos crimes em seu território.
Apesar de resultados melhores, gaúchos são desvalorizados
De acordo com o presidente da Asdep-RS, os números expõem uma injustiça com a classe policial gaúcha, que entrega resultados melhores que de policiais mais valorizados. A ponderação feita por Wondracek é baseada num levantamento feito pela Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADEPESP), que aponta os salários de Delegados de Classe Especial. Divulgado em maio deste ano, o estudo coloca o Paraná como 3º colocado do ranking e Santa Catarina na 5ª posição, enquanto o Rio Grande do Sul figura no 16º lugar.
“Os estudos da ADEPOL e da ADEPESP deixam claro quanto nossa Polícia Civil é efetiva, apesar do descaso do atual governo. Há tempo sofremos com problemas de estrutura e de desvalorização, buscando solucionar essas questões junto a um governo que sequer senta à mesa com a classe policial para ouvir nossas demandas”, comenta Wondracek, que, além de delegado, foi chefe de Polícia.
Problemas vão além da desvalorização
O questionário do estudo feito pela ADEPOL levou aos estados uma questão relacionada ao efetivo de suas polícias. A informação obtida pela associação é de que o RS conta com 5.597. Porém, o dado mais recente, obtido pela Asdep-RS em 31 de julho deste ano, é de que o quadro atual da Polícia Civil é de 5.519. Número muito diferente do estabelecido pela Lei Estadual nº 16.059, instituída em 2023, pelo governo Leite, que estabelece que Polícia Civil gaúcha precisaria ter 9.587 integrantes no total. Sendo assim, o Estado apresenta um déficit no quadro funcional de 43%, segundo a própria legislação.
Para Wondracek, que já foi chefe de Polícia do Estado, o encolhimento do efetivo policial é um exemplo da falta de atenção do atual governo para os profissionais da polícia investigativa. “É uma verdadeira exploração de uma classe comprometida com a segurança da comunidade gaúcha”, reforça o presidente da ASDEP-RS.